O Bioma Amazônia é um conjunto de ecossistemas interligados pela Floresta Amazônica e pela Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas, a mais densa de todo o planeta. Caracteriza-se pela sua elevada extensão, ocupando quase a metade do território do Brasil, além das áreas territoriais da Bolívia, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Peru, Colômbia, Venezuela e Equador.
A floresta Amazônica é uma cobertura vegetal também chamada de Floresta Latifoliada Equatorial. Essa nomenclatura relaciona-se ao fato de a floresta apresentar árvores de folhas geralmente largas (latifoliada) e localizar-se na zona intertropical do planeta (equatorial). É uma das maiores e mais importantes coberturas vegetais, apresentando um terço de toda a madeira tropical existente, a maior reserva desse tipo já vista no mundo.
A quantidade de espécies animais e vegetais é muito elevada, com mais de 2 500 tipos de árvores e 30 mil tipos diferentes de plantas e vegetais. A sua fauna também é bastante ampla e diversificada, possui cerca de 20% de toda a quantidade de espécies catalogadas em todo o mundo. Há uma grande quantidade de insetos, anfíbios, répteis, mamíferos, peixes e árvores, apresentando uma complexa cadeia alimentar, composta por mais de 30 milhões de espécies.
O solo amazônico é bastante pobre, contendo apenas uma fina camada de nutrientes. Contudo, a flora e fauna mantêm-se em virtude do estado de equilíbrio (clímax¹) atingido pelo ecossistema. O aproveitamento de recursos é ótimo, havendo o mínimo de perdas. Um claro exemplo está na distribuição acentuada de micorrizas² pelo solo, que garantem às raízes uma absorção rápida dos nutrientes que escorrem da floresta com as chuvas. Também forma-se no solo uma camada de decomposição de folhas, galhos e animais mortos, rapidamente convertidos em nutrientes e aproveitados antes da lixiviação. Tal conversão dá-se pelo fato de os fungos ali encontrados serem saprofíticos.
A Bacia Hidrográfica do Amazonas é a área em que o escoamento da água segue em direção ao Rio Amazonas. Trata-se, assim, da maior bacia hidrográfica do planeta, com uma área de aproximadamente 5 846 100 km². Para se ter uma idéia, essa área corresponde quase ao dobro da Bacia do Rio Nilo. O Rio Amazonas, por sua vez, é o maior e mais extenso do mundo, com 6 850 km², e conta com mais de 1 100 afluentes.
O Rio Amazonas, durante um único dia, despeja no Oceano Atlântico uma quantidade de água superior ao que o Rio Tâmisa, em Londres, deposita no mar durante todo o ano. Se levarmos em conta apenas um de seus afluentes, o Rio Negro, já temos mais água do que toda a Europa.
Atualmente, o clima na floresta Amazônica é equatorial, quente e úmido, devido à proximidade à Linha do Equador (contínua à Mata Atlântica), com a temperatura variando pouco durante o ano. As chuvas são abundantes, com as médias de precipitação anuais variando de 1 500 mm a 1 700 mm, podendo ultrapassar 3 000 mm na foz do rio Amazonas e no litoral do Amapá.
A Amazônia é considerada pela comunidade científica uma peça importante para o equilíbrio climático em quase toda a América do Sul. Parte da umidade do ar (que, posteriormente, se transforma em chuva) importante para as regiões Centro Oeste, Sul e Sudeste do Brasil em vários meses do ano são justamente da Amazônia, levada pelos ventos para essas regiões. A Amazônia é importante para o equilíbrio do clima no Brasil, no Paraguai, no Uruguai e até na Argentina.
Impactos
Um dos principais problemas é o desmatamento ilegal e predatório. Madeireiras instalam-se na região para cortar e vender troncos de árvores nobres. Há também fazendeiros que provocam queimadas na floresta para ampliação de áreas de cultivo (principalmente de soja). Estes dois problemas preocupam cientistas e ambientalistas do mundo, pois em pouco tempo, podem provocar um desequilíbrio no ecossistema da região, colocando em risco a floresta.
Outro problema é a biopirataria na floresta amazônica. Cientistas estrangeiros entram na floresta, sem autorização de autoridades brasileiras, para obter amostras de plantas ou espécies de animais. Levam estas para seus países, pesquisam e desenvolvem substâncias, registrando patente e depois lucrando com isso. O grande problema é que o Brasil teria que pagar, futuramente, para utilizar substâncias cujas matérias-primas são originárias do nosso território.
Com a descoberta de ouro na região (principalmente no estado do Pará), muitos rios estão sendo contaminados. Os garimpeiros usam o mercúrio no garimpo, substância que está contaminando os rios e peixes da região. Índios que habitam a floresta amazônica também sofrem com a extração de ouro na região, pois a água dos rios e os peixes são importantes para a sobrevivência das tribos.
Mesmo que hoje quase metade da Amazônia brasileira esteja protegida por lei, essas reservas sofrem com uma gestão precária e com falta de monitoramento. Para se ter uma idéia, em unidades de conservação a média de funcionários alocados é de uma pessoa para cada 1.871Km².
Do mesmo modo, hoje só há um plano de manejo aprovado para a metade dessas unidades de conservação. É o plano de manejo que determina como as unidades devem funcionar, e são de extrema importância, principalmente, para as unidades de uso sustentável.
Os governos estaduais têm tido papel importante no processo de criação de unidades de conservação na Amazônia, sendo responsáveis por mais da metade das unidades da região. Os estados com maior número de unidades são Rondônia (64), Pará (62) e Amazonas (60).
Amapá, Acre e Pará possuem a maior parte do território em unidades de conservação: 48%, 35% e 34% respectivamente. Em contraste, só 5% de Mato Grosso estão inseridos em unidades de conservação, quase todas geridas pelo governo do estado.
A criação de uma unidade de conservação é o passo inicial para o estabelecimento de um sistema que reúna todas as unidades. Fazer com que grandes unidades de conservação situadas em áreas remotas da Amazônia cumpram seu papel requer forte aparato de infraestrutura e recursos humanos. É importante, portanto, avaliar como o governo federal e dos estados está enfrentando o desafio da gestão.
Por Priscila Leal, Gestora Ambiental e Colaboradora da BIOTERA.
¹ Clímax é o último estágio alcançado por comunidades ecológicas ao longo da sucessão ecológica. Na sucessão, primeiramente têm-se ambientes desprovidos de vegetação, seguidos por populações pioneiras (ou ecesses), posteriormente as intermediárias (ou seres), até que alcance o clímax.
² As micorrizas formam-se quando as hifas de um fungo invadem as raízes de uma planta. As hifas vão auxiliar as raízes da planta na função de absorção de água e sais minerais do solo, já que aumentam a superfície de absorção ou rizosfera. Deste modo as plantas podem absorver mais água e adaptar-se a climas mais secos. Os fungos, como "pagamento" dos seus serviços, recebem da planta os fotoassimilados (carboidratos), que necessitam para a sua sobrevivência e que não conseguem sintetizar, pois não possuem clorofila.